Evolução das Sociedades


Introdução:

O fator decisivo na história é a produção e a reprodução da vida imediata. Isso se dá de dois tipos:
1. a produção de meios de existência, produtos alimentícios, roupa, habitação e instrumentos necessários a tudo isso.
2. a produção do próprio homem, a continuidade da espécie.

Essas duas espécies de produção condicionam a ordem social em que vivem os homens.

“Quanto menos desenvolvido é o trabalho, mais restrita é a quantidade de seus produtos e, por conseqüência a riqueza da sociedade, com tanto maior força se manifesta a influência dominante dos laços de parentesco sobre o regime social.” [01]
  
Comunismo Primitivo

O Surgimento do Homem

Em uma época ainda não estabelecida definitivamente, há centenas de milhares de anos, vivia uma raça de macacos antropomorfos desenvolvida.  Darwin descreve aproximadamente essa espécie: eram cobertos de pêlos, tinham barba, orelhas pontiagudas, viviam nas árvores e formavam bandos.

O passo para a transição do macaco em homem, foi o de que mãos e pés precisavam desempenhar funções distintas na busca de alimentos e ao caminhar pelo chão, passariam a adotar uma posição mais ereta.  A luta pela sobrevivência, faz com que a mão desses antropomorfos se desenvolva no exercício de diversas funções, como o movimento de “garra’’. “Vemos, pois, que a mão não é apenas o órgão de trabalho, é também produto dele.” [02]

Esses antepassados que viviam em bandos, agrupados, sentiram a necessidade de dizer algo uns aos outros. A necessidade criou o órgão. Lenta e firmemente a laringe dessa espécie foi se transformando e aos poucos iam se articulando os sons. A linguagem surge a partir do trabalho e pelo trabalho.

O trabalho e a linguagem foram dois estímulos para o desenvolvimento do cérebro do macaco em cérebro humano.

O Surgimento da Sociedade Humana

É o trabalho o impulsionador da Sociedade Humana.

O trabalho começa com a elaboração de instrumentos. São instrumentos de caça e pesca e também utilizados como armas. O consumo de carne significou outros importantes avanços: a descoberta do fogo e a domesticação de animais.

O homem aprendeu ainda a viver, adaptar-se a qualquer clima, mesmo que isso o obrigasse a procurar habitação e a cobrir o corpo, surgindo aqui novas atividades.

À agricultura junta-se a caça e a pesca. Neste período já havia a necessidade da divisão de tarefas como caçar, cuidar da prole, etc. Esta etapa chamada de Comunismo Primitivo caracteriza-se pela inexistência de classes sociais.  A divisão de trabalho ocorre de forma natural sem que haja a exploração de um homem sobre o outro.

Principais características da Comuna Primitiva:

  • Inexistência de classes sociais;
  • Produção Coletiva para o consumo coletivo;
  • Baixa Produtividade, submetida às condições da natureza;
  • Divisão natural do trabalho.


Escravismo

A sociedade escravista é uma evolução da comuna primitiva e aparece, segundo Morgan, na média da barbárie e atinge o seu mais alto grau de desenvolvimento sob a civilização quando Roma e Grécia constituíram verdadeiras formações escravistas.

A primeira grande divisão social do trabalho ocorre entre os povos pastoris e as tribos mais atrasadas. Algumas tribos formam grandes rebanhos, que passa a ser a forma preponderante de produção de alimentos. Em contrapartida, outras tribos permanecem caçadores com algum domínio rudimentar da agricultura.

Essa diferença no desenvolvimento provocou profundas mudanças na organização social, dando início ao processo de aumento da produtividade, baseada na propriedade privada e na divisão da sociedade em classes.

Vejamos como se procedeu esta evolução:

Conforme vimos anteriormente, na Comuna Primitiva a propriedade da terra era comum, assim como os produtos de caça e de pesca. Os utensílios domésticos pertenciam ao homem e a mulher respectivamente. A divisão social do trabalho era natural, baseada na diferença do sexo. A produção restringia-se ao consumo diário da coletividade.
Com a criação de gado, muda essa situação. O homem que até aqui era dono do instrumento que provia a alimentação, naturalmente passa a ser o dono do produto – o gado – que aos poucos vai acumulando.

A diferenciação entre proprietários e não proprietários de bens de riqueza passa processar-se.

A reprodução rápida do gado cria a necessidade de um grande número de homens para cuidar do rebanho.

Quem desempenhará essa tarefa, serão os prisioneiros de guerra, que inicialmente eram mortos e agora se tornarão ESCRAVOS.

O início do processo de formação de classes sociais é determinado pela produção.   “A escravidão é a primeira forma de exploração, a forma típica na Antigüidade...” [03].

O homem escravizado passa a ser o principal produto dessa sociedade, tornando-se mercadoria e sendo apropriado por outro homem.

O trabalho escravo irá produzir excedentes, que impulsionará o comércio criando condições para o intercâmbio regular de produtos. A produção será impulsionada ainda a partir da utilização do tear, a fundição de minerais e o trabalho com metais e depois com a descoberta do ferro, cujo emprego impulsionará todos os ramos da produção de armas, do arado para o cultivo e a agricultura em grande escala. A descoberta do ferro acaba por criar a segunda grande divisão do trabalho: a separação entre o artesanato e a agricultura.          

As guerras que antes eram feitas por vinganças ou ampliações do território tornam-se funções regulares e são feitas apenas para saque, fazendo crescer o poder do chefe militar.

O processo do surgimento de classes em dado momento deixa de ser determinado pela produção. É quando aparece uma classe de aproveitadores que vivem da troca: os comerciantes.

Essa sociedade, como qualquer outra dividida em classe, contém relações conflituosas, estabelecendo a luta de classes. A fim de que essas classes não se destruam, surge o Estado, que tinha que ser o Estado da classe economicamente dominante. O Estado dos Senhores de Escravos.

Sua manutenção criou a força pública e o funcionalismo público. Foram criados os impostos e dívidas públicas. O Estado transformou-se em uma máquina extremamente onerosa.

Isso tudo derrubou o Império Romano e fez passar o tempo da escravidão, pois a utilização dessa não compensava mais. A população estava empobrecida e não havia mercado suficiente para o consumo.

Características principais do Escravismo:

  • Surgimento da propriedade privada;
  • Divisão da Sociedade em classes; Os Escravos e os Senhores de Escravos;
  • Surgimento do Estado;
  • O homem é o principal instrumento de produção

Feudalismo

Com o declínio do Império Romano, a Europa ficou sem a proteção e as leis que o velho império oferecia, o que foi preenchido pela criação de uma hierarquia feudal, na qual o servo ou o camponês trocavam fidelidade pela proteção dos senhores feudais. Da mesma forma os senhores feudais eram protegidos por outros senhores mais poderosos, indo até o rei. Essa proteção dos fortes para os fracos, tinha um alto preço. O pagamento podia ser em moeda, alimentos, trabalho, fidelidade militar e em troca os senhores garantiam o feudo - um direito hereditário ao uso da terra.

O servo ocupava-se com o cultivo da terra e/ou criava ovelhas, objetivando alimentação e vestuário.

Nas relações medievais predominavam os costumes e as tradições, baseadas num sistema de serviços e obrigações mútuas que envolvia toda hierarquia feudal.

No regime feudal existiam duas classes: o servo e o senhor feudal. Os servos não eram livres, à medida que tinham obrigações, muitas vezes extremamente pesadas, das quais não havia como escapar, mas este não era escravo.

A igreja católica, na Idade Média, foi o maior proprietário de terras, fazendo  desta instituição a mais próxima de um governo durante todo esse período.
As classes dominantes nesse período eram os senhores religiosos e a nobreza feudal. “Em troca de apropriações muito pesadas do trabalho, da produção e do dinheiro do servo, a nobreza dava proteção militar e a Igreja, ajuda espiritual “. [04]

Havia importantes centros manufatureiros na Europa medieval, onde os bens eram vendidos aos feudos ou trocados no comércio distante. Nas cidades o domínio econômico ficava por conta das corporações de ofício e só o ingresso nelas dava o direito de produzir ou vender qualquer bem ou serviço. Elas se envolviam em questões sociais e religiosas, tanto quanto econômicas.
Essa sociedade era basicamente agrária, mas o próprio aumento da produtividade agrícola provocara as mudanças que resultariam na dissolução do feudalismo e na passagem para o capitalismo. “O mais importante avanço tecnológico da Idade Média foi a substituição do sistema de plantio de dois campos para o sistema de três campos.”[05]

Apesar de parecer simples, essa mudança na tecnologia agrícola resultou num fantástico aumento da produtividade. Além disso,  o cavalo passou a substituir o boi no cultivo da terra, estendendo a área cultivável.

Houve um rápido aumento populacional e de concentração urbana, fazendo com que passassem a existir grandes e prósperas cidades. Cresceu a produção de bens manufaturados, com os trabalhadores rompendo os laços com a terra.

Desenvolveu-se ainda o comércio de longa distância, graças à produção de excedentes de alimentos e manufaturados.

A dissolução do regime feudal teve início com o fato de apesar do aumento da produtividade, o excedente social era cada vez menor e já não sustentava a classe dominante, provocando sérios e irreconciliáveis conflitos no interior dessa mesma classe, entre segmentos da nobreza e do clero. O comércio tornou-se uma força desestabilizante que tendeu a acelerar a dissolução do regime.

Principais características do Feudalismo

  • Sociedade dividida em duas classes principais: O servo e o senhor feudal;
  • O servo é submetido ao senhor feudal, dono das terras;
  • A Igreja cumpria o papel dominador e centralizador do Estado;
  • A terra é o principal instrumento de produção;
  • Os feudos caracterizam-se pela policultura e são auto-sustentáveis.
Transição para o Capitalismo

Cooperação Simples

O comércio expandia-se e prosperava, exigindo mais produtos manufaturados, fazendo com que o comerciante passasse a ter maior controle do processo produtivo.

A indústria era artesanal e o artesão era o proprietário da oficina, das ferramentas e do conhecimento do processo de produção.

No início desta forma de sistema de trabalho doméstico, o comerciante oferecia a matéria-prima e pagava uma quantia para que o artesão transformasse a matéria prima em um produto acabado. Desse modo o comerciante era proprietário do produto ao longo do seu processo produtivo, mesmo que esse fosse realizado em oficinas independentes.

Manufatura

Mais tarde, o capitalista comerciante passou a ser o proprietário das oficinas, das ferramentas, da matéria-prima, onde controlava os trabalhadores, que agora não vendiam mais um produto acabado, mas o seu trabalho. Este tipo de trabalho desenvolveu-se primeiramente nas indústrias têxteis, onde os tecelões dependiam da venda a preço alto pelos comerciantes para pagar suas contas e obter lucros.

Desta forma, o controle capitalista foi estendido ao processo de produção e criada uma força de trabalho que nada tinha a vender, a não ser a sua força de trabalho.   
        
Capitalismo
O Capitalismo é um sistema baseado na propriedade privada dos meios de produção, cuja principal contradição é a produção social "versus" a apropriação individual.

Caracteriza-se através da exploração do homem pelo homem, em um sistema dividido em duas classes principais “antagônicas”: a burguesia e o proletariado.

Para que o capitalismo se desenvolvesse e se firmasse era preciso levar em conta alguns aspectos importantes: o desenvolvimento da agricultura, o crescimento demográfico, a abertura (descoberta) de capitais e mercados.

Outro importante aspecto que precisa ser considerado no desenvolvimento da sociedade capitalista é a criação de uma nova mentalidade, baseada em um pensamento econômico e filosófico, denominado “livre iniciativa”.

O desenvolvimento capitalista ocorre em diversas fases:

a)    Manufatura: Indústria artesanal;
b)    Mercantilista: Indústria subordinada ao mercado;
c)    Industrial;
d)    Monopolista - Imperialista.

Para que o modo de produção capitalista fosse se alterando, foram necessárias algumas importantes invenções, como: a máquina a vapor, a prensa hidráulica, a bomba hidráulica a fogo, a máquina perfuradora, o motor elétrico, a automação e a microeletrônica.

O primeiro país a fazer sua revolução burguesa foi a Inglaterra em 1648, que vai ser também o primeiro país onde o capitalismo se desenvolveu. A primeira máquina a vapor foi descoberta nesse país, por James Watt (1776), originando a chamada Revolução Industrial.
Foi também na Inglaterra que surgiram as primeiras lutas dos trabalhadores e suas organizações.

Será dentro das contradições básicas do capitalismo que os sindicatos surgirão como forma de resistência dos trabalhadores contra o sistema capitalista.

A atual fase do capitalismo é a fase monopolista-imperialista. A base do monopólio é a concentração da produção e da renda nas mãos de alguns poucos capitalistas que dominam o mundo. A forma dessa concentração é a formação de oligopólios multinacionais que controlam ramos inteiros da indústria mundial. Igualmente, a concentração monopolista se manifesta no capital financeiro internacional.

Esse sistema apresenta diversas contradições na sua estrutura, como recessão prolongada, os desajustes sociais, o desemprego estrutural, corrupção, miséria: são problemas criados pelo próprio sistema e que ele não consegue resolver, tornando-o um regime superado, provocando a degenerescência da sociedade humana.

Principais características do Capitalismo

  • Propriedade privada dos meios de produção;
  • Produção coletiva "versus" apropriação individual;
  • Duas classes antagônicas: Burguesia "versus" Proletariado;
  • Exploração do homem pelo homem.

Socialismo

O Capitalismo é uma parte específica e transitória do desenvolvimento histórico da humanidade.

O Socialismo é um sistema baseado na propriedade social dos meios de produção.

 “O socialismo científico se caracteriza pela abolição do sistema de propriedade privada e pelo estabelecimento da propriedade social dos meios de produção. Põe em harmonia as relações de produção com caráter social das forças produtivas,  extingue, assim, a contradição básica do capitalismo (socialização da produção e apropriação privada dos bens produzidos) que determina a sua própria existência.

O socialismo apóia-se no trabalho livre e no amplo desenvolvimento da técnica para assegurar ritmos capazes de impulsionar o progresso interrupto da sociedade e garantir o aumento constante do bem-estar material e espiritual dos trabalhadores e do povo. É um sistema destinado a liquidar a exploração do homem pelo homem.” [06]

A sociedade socialista é a sucessora histórica do capitalismo, que surgirá das contradições internas e estruturais do sistema capitalista e ela advirá da vontade, consciência e luta dos homens e das mulheres para o avanço da humanidade.

Principais Características do Socialismo

  • Propriedade social dos meios de produção.
  • Produção coletiva para o consumo da coletividade.
Sônia Correa

Bibliografia

[01] - Engels, F.   -  A Origem da Família da Propriedade Privada e do Estado.
[02] - Engels, F.  -   Sobre o Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem.
[03] -  Engels, F.  -   A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado.
[04] - Hunt - E. K. - História do Pensamento Econômico - Uma Perspectiva Crítica.
[05] - Idem
[06] - Projeto de Programa Socialista - Partido Comunista do Brasil - (PCdoB) - 1993.

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