Pródromos

Os meios de comunicação ocidentais, em mãos privadas, costumam silenciar sobre muitos temas e muitas notícias quando estas não os convêm.

O Projeto Mais Bonito do Século

Escola Latino-americana de Medicina (ELAM)

Músicas que você deve ouvir #01

Seleção de algumas músicas que você deve ouvir.

Cuba na Unesco

“O mundo vive indignado. Os povos se rebelam contra as injustiças e as promessas vazias. Se indignam pelas frustrações acumuladas e pela ausência de esperanças. Se rebelam contra um sistema devastador que já não pode seguir enganando com um falso rosto humano."

Populismo x Chavismo: Diferenças históricas

Desde a ascenção de Chávez na Venezuela a mídia de todo o mundo tem feito uma campanha para desmoralizar o processo revolucionário e um dos meios utilizados é a ridícula comparação com o populismo.

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O nome político do amor

Por que o socialismo, em tese uma alternativa humanitária ao capitalismo, fracassou na Europa e na Ásia? O capitalismo teve a esperteza de, ao privatizar os bens materiais, socializar os bens simbólicos. De dentro do barraco de uma favela uma família miserável, desprovida de direitos básicos como alimentação, saúde e educação, pode sonhar com o universo onírico das telenovelas e ter fé de que, através da loteria, da sorte, da igreja que lhe promete prosperidade ou mesmo da contravenção, haverá de ter acesso aos bens supérfluos.

 O socialismo cometeu o erro de, ao socializar os bens materiais, privatizar os simbólicos, e confundiu crítica construtiva com contra-revolução; cerceou a autonomia da sociedade civil ao atrelar ao partido os sindicatos e movimentos sociais; coibiu a criatividade artística com o realismo socialista; permitiu que a esfera de poder se transformasse numa casta de privilegiados distantes dos anseios populares; e cedeu ao paradoxo de conquistar grandes avanços na corrida espacial e não ser capaz de suprir devidamente o mercado varejista de gêneros de primeira necessidade.

 Hoje, resta Cuba como exemplo de país socialista. Todos conhecemos os desafios que a Revolução enfrenta às vésperas de seu meio século de existência. Sabemos dos efeitos nefastos do bloqueio imposto pelo governo dos EUA e de como a queda do Muro de Berlim deteriorou a economia da Ilha.

 Apesar de todas as dificuldades, nesses 49 anos a Revolução logrou assegurar a 11,2 milhões de habitantes os três direitos básicos: alimentação, saúde e educação. Elevou a auto-estima da cidadania cubana, que tão bem se expressa em suas vitórias nos campos da arte e do esporte, bem como na solidariedade internacional, através de milhares de profissionais cubanos das áreas da saúde e da educação presentes em mais de uma centena de países do mundo, em geral em regiões inóspitas marcadas pela pobreza e a miséria.

 O socialismo cubano não tem o direito de fracassar! Se acontecer, não será apenas Cuba que, como símbolo, desaparecerá do mapa, como ocorreu à União Soviética. Será a confirmação da funesta previsão de Fukuyama, de que “a história acabou”; a esperança – uma virtude teologal para nós, cristãos – findou; a utopia morreu; e o capitalismo venceu, venceu para uns poucos – 20% da população mundial que usufrui de seus avanços – sobre uma montanha de cadáveres e vítimas.

 Nós, amigos da Revolução cubana, não esperamos de Cuba grandes avanços tecnológicos e científicos, serviços turísticos de primeira linha, medalhas de ouro em disputas desportivas. Esperamos mais do que isso: a ação solidária de que falava Martí; a felicidade de um povo construída em base a valores éticos e espirituais; o princípio evangélico da partilha dos bens; a criação do homem e da mulher novos, como sonhava o Che, centrados na posse, não dos bens finitos, e sim dos bens infinitos, como generosidade, desapego, companheirismo, capacidade de fazer coincidir a felicidade pessoal com os sucessos comunitários.

 Em resumo, almejamos que, em Cuba, o socialismo seja sempre sinônimo de amor, que significa entrega, compromisso, confiança, altruísmo, dedicação, fidelidade, alegria, felicidade. Pois o nome político do amor não é outro senão socialismo.

Frei Betto é escritor, autor de “A mosca azul – reflexões sobre o poder” (Rocco), entre outros livros.

As Dama$ que nunca chegaram a ser Mães.

Teriam as Dama$ de Branco - grupelho mercenário cubano - condições de alcançar o símbolo de lutadoras da liberdade?
A tentativa de levar as “damas” ao símbolo de lutadoras da liberdade, praticada pela mídia hegemônica no mundo, tem uma opositora, que por si só já deveria levar esse grupo de mercenárias para o ostracismo, a nulidade e o desprezo, que o povo cubano lhes confere. 
Essa opositora é Hebe de Bonafini, presidente da associação Madres de La Plaza de Mayo, respeitada por qualquer pessoa minimamente movida por sentimentos humanitários.
A presidente das Madres da Plaza de Mayo assim se referem essas “damas”:
“Essas mulheres defendem o terrorismo. Elas defendem o primeiro país terrorista do mundo, o que tem mais sangue nas mãos, o que lança mais bombas, o que invade mais países, o que impõe as sanções econômicas mais duras aos demais. Estamos falando da nação que é responsável pelos crimes de Hiroshima e Nagasaki. Essas mulheres não percebem que a luta das Madres de la Plaza de Mayo simboliza o amor por nossos filhos desaparecidos, assassinados pelos tiranos impostos pelos EUA. Nosso combate representa a revolução, a que nossos filhos e filhas quiseram fazer. Sua luta é diferente, pois elas defendem a política subversiva dos EUA, que somente contém opressão, repressão e morte".

Os superrevolucionários


Leio cuidadosamente todos os dias as opiniões sobre Cuba de agências tradicionais de imprensa, incluídas as dos povos que fizeram parte da URSS, as da República Popular China e outras. Chegam-me notícias de órgãos de imprensa escrita da América Latina, Espanha e do resto da Europa.

O quadro é cada vez mais incerto perante o temor de uma recessão prolongada como a dos anos posteriores a 1930. O governo dos Estados Unidos recebeu no dia 22 de julho de 1944 os privilégios outorgados em Bretton Woods à potência militar mais poderosa, emitir o dólar como moeda internacional de câmbio. A economia desse país estava intacta depois da guerra, em 1945, e dispunha de quase 70 por cento das reservas em ouro do mundo. Nixon decidiu unilateralmente, em 15 de agosto de 1971, suspender a garantia em ouro por cada dólar emitido. Com isso, financiou a matança de Vietnã numa guerra que custou mais de 20 vezes o valor real das reservas em ouro que ainda lhe restavam.  Desde essa altura a economia dos Estados Unidos baseia-se à custa dos recursos naturais e das poupanças do resto do mundo.

A teoria do crescimento continuo do investimento e do consumo, aplicada pelos mais desenvolvidos aos países onde a esmagadora maioria é pobre, rodeada por luxos e esbanjamentos de uma exígua minoria de ricos não é apenas humilhante senão também destrutiva. Esse saque e suas desastrosas conseqüências é a causa da rebeldia crescente dos povos, embora uns poucos conheçam a história dos fatos.

As inteligências mais dotadas e cultas se incluem na lista de recursos naturais e estão tarifadas no mercado mundial de bens e serviços.
O que acontece com os superrevolucionários da chamada extrema esquerda? Alguns o são por falta de realismo e pelo agradável prazer de sonhar coisas doces. Outros não têm nada de sonhadores, são peritos na matéria, sabem o que dizem e para que o dizem. É uma armadilha bem armada na qual não se deve cair. Reconhecem os nossos avanços como quem concede esmolas. Carecem realmente de informação? Não é assim. Posso-lhes assegurar que estão absolutamente informados. Em determinados casos, a suposta amizade com Cuba lhes permite participar em numerosas reuniões internacionais e conversar com quantas pessoas do exterior o do país desejem fazê-lo, sem nenhum impedimento de nosso vizinho imperial a só 90 milhas das costas cubanas.

O que aconselham à Revolução? Veneno puro. As fórmulas mais típicas do neoliberalismo.

O bloqueio não existe, pareceria uma invenção cubana. Subestimam a mais colossal tarefa da Revolução, a sua obra educacional, o cultivo maciço das inteligências. Sustentam a necessidade de pessoas capazes de viver realizando trabalhos simples e rudes. Subestimam os resultados e exageram os gastos em investimentos científicos. Ou algo pior: ignora-se o valor dos serviços de saúde que Cuba oferece ao mundo, onde na verdade com modestos recursos, a Revolução despia o sistema imposto pelo imperialismo, que carece de pessoal humano para realizá-lo. Aconselham-se investimentos que são ruinosos, e tais serviços como o alugel, são praticamente de graça. De não ter-se detido oportunamente os investimentos estrangeiros nas moradias, construiriam dezenas de milhares sem mais recursos do que a venda prévia das mesmas aos estrangeiros residentes em Cuba ou no exterior. Além disso, eram empresas mistas regidas por outra legislação criada para empresas produtivas. Não existiam limites para as faculdades dos compradores como proprietários. O país forneceria os serviços a esses residentes ou usuários, para o qual não se requerem os conhecimentos de um cientista ou de um especialista em informática. Muitos desses alojamentos podiam ser adquiridos pelos órgãos de inteligência inimigos e os seus aliados.

Não se pode prescindir de algumas empresas mistas, porque controlam mercados que são imprescindíveis. Mas, também não se pode inundar com dinheiro o país sem vender soberania.

Os superrevolucionários que receitam tais medicamentos ignoram de forma deliberada outros recursos verdadeiramente decisivos para a economia como é a produção crescente de gás, que já purificado se transforma numa fonte inestimável de eletricidade sem afetar o meio ambiente o que produz centenas de milhões de dólares anuais. Da Revolução Energética promovida por Cuba, de vital e decisiva importância para o mundo, não se diz uma palavra. Chegam ainda mais longe: vêem na produção canavieira uma cultura que se manteve em Cuba com mão-de-obra semi-escrava, uma vantagem energética para a ilha, capaz de contrarrestar os elevados preços do diesel que esbanjam sem limites os automóveis dos Estados Unidos, da Europa Ocidental e de outros países desenvolvidos. Estimula-se o instinto egoísta dos seres humanos, enquanto os preços dos alimentos duplicam-se ou triplicam-se.

Ninguém foi mais crítico do que eu da nossa própria obra revolucionária, mas nunca me verão esperando favores ou perdões do pior dos impérios.

Fidel Castro Ruz
3 de setembro de 2007
20h36

O que deve ser um jovem comunista - Che Guevara


Quero colocar agora, companheiros, qual é a minha opinião, sobre o que deve ser um jovem comunista e ver se estamos todos de acordo.

Eu acho que a primeira coisa que deve caracterizar um jovem comunista é a honra que sente por ser jovem comunista. Esta honra que o leva a mostrar para todo o mundo sua condição de jovem comunista, que não se submete à clandestinidade, que não o reduz a fórmulas, mas que ele manifesta a cada momento, que lhe sai do espírito, que tem interesse em demonstrar porque é o seu símbolo de orgulho.

Junto com isso, um grande sentido do dever para com a sociedade que estamos construindo, com nossos semelhantes como seres humanos e com todos os homens do mundo.

Isso é algo que deve caracterizar o jovem comunista. Ao lado disso, uma grande sensibilidade para com todos os problemas, grande sensibilidade diante da injustiça; espírito inconformado sempre que surja algo que esteja errado seja quem for que o tenha dito. Colocar tudo o que não se compreender; discutir e pedir que deixem claro o que não estiver;declarar guerra ao formalismo, a todos tipos de formalismo. Estar sempre aberto para receber as novas experiências, para se ajustar à grande experiência da humanidade, que leva muitos anos avançando pela senda do socialismo, às condições concretas de nosso país, as realidades que existem em Cuba: e pensar – todos e cada um – como ir mudando a realidade, como torná-la melhor.

O jovem comunista deve propor-se a ser sempre o primeiro em tudo, lutar para ser o primeiro e sentir-se incomodado quando em alguma coisa ocupa outro lugar. Lutar para melhorar, para ser o primeiro. Claro que nem todos podem ser o primeiro, mas podem estar entre os primeiros, no grupo de vanguarda. Ser um exemplo vivo, ser o espelho onde mirem seus companheiros que não pertençam às juventudes comunistas, ser o exemplo onde possam mirar-se os homens e as mulheres de idade mais avançada que perderam certo entusiasmo juvenil, que perderam a fé na vida e que diante do estímulo do exemplo sempre reagem bem. Essa é outra tarefados jovens comunistas.

Junto com isso, um grande espírito de sacrifício, um espírito de sacrifício não somente para as jornadas heróicas, mas para todo o momento. Sacrificar-se para ajudar os companheiros nas pequenas tarefas, para que possa assim cumprir seu trabalho, para que possa cumprir com seu dever no colégio, no estudo, para que, de qualquer maneira, possa melhorar. Estar sempre atento a toda a massa humana que o rodeia.

Ou seja: o que se propõe a todo o jovem comunista é que seja essencialmente humano, ser tão humano que se aproxime daquilo que há de melhor no ser humano, que purifique o melhor do homem por meio do trabalho, do estudo, do exercício da solidariedade permanente com o povo e com todos os povos do mundo, desenvolver ao máximo a sensibilidade até se sentir angustiado quando se assassina um homem em qualquer lugar do mundo e se sentir entusiasmado quando em algum lugar do mundo se levanta uma nova bandeira de liberdade (aplausos).

O jovem comunista não pode estar limitado pelas fronteiras de um território; o jovem comunista deve praticar o internacionalismo proletário e senti-lo como coisa própria. Aperceber-se, como devemos nos aperceber todos nós, aspirantes a comunistas aqui em Cuba, que somos um exemplo real e palpável para toda a nossa América e mais que isto, para outros países do mundo que lutam também em outros continentes por sua liberdade, contra o colonialismo, contra o neoliberalismo, contra o imperialismo, contra todas as formas de opressão dos sistemas injustos; aperceber-se sempre que somos uma tocha acesa, que somos o mesmo espelho que cada um de nós é individualmente para o povo de Cuba, e somos esse espelho para que se olhem os povos da América, os povos do mundo oprimido que lutam por sua liberdade. E devemos ser dignos desse exemplo. A todo o momento e a toda hora devemos ser dignos deste exemplo.

Isso é o que nós pensamos que deve ser um jovem comunista. E se nos dissessem que somos românticos, que somos uns idealistas inveterados, que estamos pensando em coisas impossíveis e que não se pode conseguir que a massa de um povo seja quase um arquétipo humano, nós temos de responder mil vezes, que sim, que se pode, que estamos no caminho certo, que todo o povo pode ir avançada, e liquidando a mesquinhez humana, como fomos liquidando em Cuba nesses quatro anos as de Revolução; ir se aperfeiçoando como fomos nos aperfeiçoando dia a dia, liquidando intransigentemente todos aqueles que ficaram atrás, que não são capazes de marchar no ritmo que marcha a Revolução cubana. Tem de ser assim, deve ser assim, e assim será, companheiros (aplausos). Será assim porque vocês são jovens comunistas, criadores da sociedade perfeita, seres humanos destinados a viver em um mundo novo de onde haverá desaparecido definitivamente tudo o que é caduco, tudo o que é velho, tudo o que represente a sociedade cujas bases acabam de ser destruídas.

Para conseguir isso, é necessário trabalhar todos os dias. Trabalhar no sentido interior de aperfeiçoamento, de aumento dos conhecimentos, de aumento da compreensão do mundo que nos rodeia. Inquirir, averiguar e conhecer bem o porquê das coisas e colocar sempre os grandes problemas da humanidade como problemas próprios.

Assim, em um dado momento, em um dia qualquer dos próximos anos -depois de passar por muitos sacrifícios, sim, depois de havermos estado, talvez, à beira da destruição – depois de havermos visto,talvez como nossas fábricas são destruídas e depois de reconstruí-las novamente, depois de assistir ao assassinato, à matança de muitos dos nossos e de reconstruir o que tiver sido destruído, ao fim de tudo isso, um dia qualquer, quase sem nos darmos conta, teremos criado, junto como os outros povos do mundo, a sociedade comunista, nosso ideal(aplausos).Companheiros, falar à juventude é uma tarefa grandiosa. A gente se acha, nesse momento, capaz de transmitir algumas coisas e sente a compreensão da juventude. Há muita coisa que gostaria de dizer sobre todos os nossos esforços e anseios. A maneira como, todavia, muitos deles se partem diante da realidade diária e como é necessário voltar ao início. Dos momentos de fraqueza e de como o contato com o povo –com os ideais e a pureza do povo – nos infunde novo fervor revolucionário.

Haveria muitas coisas a dizer. Mas também temos que cumprir com os nossos deveres. E aproveito para explicar-lhes porque me despeço de vocês, porque vou cumprir com o meu dever de trabalhador voluntário numa fábrica têxtil (aplausos); lá estamos trabalhando desde algum tempo. Estamos competindo com a Empresa Consolidada de Hillados eTejidos Planos, que trabalha em outras indústrias têxteis, e com a Junta Central de Planificação, que trabalha em outra fábrica têxtil.

Quero dizer-lhes, honestamente, que o Ministério da Indústria está em último lugar na emulação, que temos de fazer um esforço maior,constantemente, para avançar, para poder cumprir com aquilo que nós mesmos afirmamos, isto é, que somos os melhores, aspirar a ser os melhores, porque nos dói ser os últimos na emulação socialista.

Acontece, simplesmente, que aqui ocorreu o mesmo que a muitos de vocês:a emulação é fria, um pouco artificial, e não temos sabido entrar em contato direto com a massa de trabalhadores da indústria. Amanhã teremos uma assembléia para discutir esses problemas e para tratar de resolvê-los, buscar os pontos de união, estabelecer uma linguagem comum, de identidade absoluta entre os trabalhadores dessa indústria e nós, trabalhadores do Ministério. E depois de conseguir isso, estou seguro de que aumentaremos muito os rendimentos ali, e de que, pelo menos, poderemos lutar honradamente pelos primeiros lugares.

Em todo o caso, na próxima assembléia, no ano que vem, lhes contaremos e resultado. Até lá. (aplausos).

Extraído do discurso do Comandante Ernesto Che Guevara na comemoração do segundo aniversário da integração das organizações Juvenis, em Havana, Cuba, em 20 de Outubro de 1962

Cuba na Unesco


Discurso de Miguel Diaz-Canel, Ministro da Educação Superior de Cuba na Assembleia Geral da Unesco:

“O mundo vive indignado. Os povos se rebelam contra as injustiças e as promessas vazias. Se indignam pelas frustrações acumuladas e pela ausência de esperanças. Se rebelam contra um sistema devastador que já não pode seguir enganando com um falso rosto humano. Um sistema que continua marginalizando as maiorias excluídas, em benefício de um punhado de privilegiados que possuem tudo. Que não repara no resgate de banqueiros corruptos que multiplicam seus lucros, enquanto diminuem os recursos para a educação, a saúde ou a criação de empregos.

A crise do sistema capitalista é sistêmica e multisetorial. É crise financeira, econômica e social e também ética. Os poderosos apostam na guerra como recurso de sua salvação. Repartem o mundo entre si impunemente e encarregam a tarefa à belicosa OTAN. Ainda não terminaram de destruir a Líbia e já ameaçam a Síria. Quem de nós irá segui-los?

São as guerras de novo tipo com armas que se chamam “inteligentes” mas que matam e destroem indiscriminadamente. São guerras de conquista para se apropriar dos recursos energéticos e minerais com os quais oxigenar suas vorazes economias. Com a cumplicidade de seus empórios midiáticos, que agem também como armas no combate, pretendem convencer-nos da “mudança de regime” e da “responsabilidade de proteger”. É a nova filosofia colocada em prática para o mesmo objetivo de continuar explorando-nos.

A única ofensiva que não podem livrar suas armas nem suas vorazes empresas, a única contenda legítima que não estão dispostos a empreender, é a necessária contra a fome, o analfabetismo, a incultura e a pobreza para, efetivamente, democratizar a democracia, proteger os excluídos e mudar a atual ordem mundial.

A UNESCO, que na sua carta constitutiva declarou; “dado que as guerras nascem na mente dos homens, é na mente dos homens que devem se erigir os baluartes da paz˜, está chamada a desempenhar um papel de vanguarda na incansável luta por um mundo melhor, em que os seres humanos possam viver livres do temos e da ignorância.

É na UNESCO onde devem levantar-se as armas da educação, da ciência e da cultura para lutar pela paz e pela compreensão mútuas, para que as bombas deixem de matar e mutilar os seres humanos, para que não se destruam as escolas, nem os museus, para que a ciência progrida nos laboratórios e a cultura enriqueça o mundo espiritual. Para que as gerações presentes e futuras possas desfrutar da beleza única e irreprodutível do sistema e seus mais de 900 lugares de patrimônio mundial.

Para isso é preciso refundar a Organização e será necessário fazê-lo com maios pressa e decisão. A reforma em curso, que empreendeu nossa ativa e enérgica Diretora Geral, necessita chegar até os próprios cimentos da instituição. Deve ser profunda e radical. Deve reposicionar e tornar mais visível nossa ação. Deve sair dos escritórios burocráticos para chegar às pessoas comuns e atender suas necessidades elementares, aquelas que temos como mandato.

A educação tem que ser a verdadeira prioridade das prioridades, tanto no compromisso político como no financeiro. É inadmissível que no mundo existam quase 800 milhoes de analfabetos, dos quais 2/3 são mulheres. É inadmissível que quase 70 milhões de crianças não tenham uma escola onde receber a luz da educação.

Cuba, pobre e bloqueada, com seu método de alfabetização “Eu Posso, Sim”, conseguiu em pouco tempo e com escassos recursos, mas com enorme paixão solidária, alfabetizar 5.706.082 pessoas em 28 países da América Latina e Caribe, África, Europa e Oceania. Agradecemos à Diretora Geral seu reconhecimento à eficácia deste programa como método de cooperação Sul-Sul, assim como sua disposição reiterada de acolher as boas práticas no âmbito da educação.

A 36 Conferência Geral deve deixar estabelecidas as pautas da mudança e do reposicionamento da UNESCO no sistema multilateral.

A Conferência deve se pronunciar ademais, e esperamos que o faça de maneira clara e inequívoca, em relação a um tema de transcendental importância: a admissão da Palestina como Estado membro da UNESCO. Não se trata de uma opção. Resulta uma obrigação ética e moral diante da cruel e prolongada injustiça que sofre o povo palestino. Cuba deseja reiterar seu firme e decidido apoio à solicitação da Palestina e espera que a decisão de seu ingresso à UNESCO contribua aos objetivos da paz e da universalidade que animam à nossa organização.

Não devo concluir minhas palavras, sem reclamar e exigir, em nome do povo cubano, a libertação de nossos cinco heróis, quatro deles injustamente prisioneiros em prisões do império e um, René, cumprindo uma pena adicional des três anos falsamente denominada “liberdade vigiada”.

Cuba, que segue firmemente comprometida com a UNESCO e com os valores que esta representa, confina na liderança da Diretora Geral, para o fortalecimento e refundação da Organização.

O Projeto Mais Bonito do Século


O Ano de 1998 foi marcado na história da América Central e do Caribe como um dos mais dolorosos e tristes: a região foi vitimada por furacões e ciclones de incríveis magnitudes.
Durante os dias 21 de setembro ao 1º de outubro a área foi atingida pelo furacãoGeorges, que foi responsável por abundantes chuvas, deixando mais de 600 mortos, sobretudo na República Dominicana e Haiti.
Nesses dois países mais de 300 mil pessoas perderam suas residências pelos fortes ventos.
Os danos na região caribenha e centro-americana se calcularam nas cifras de dezenas de bilhões de dólares.(¹)

Apenas começado os cálculos das perdas materiais e humanas, no dia 22 de outubro, um novo furacão, muito mais agressivo, nomeado Mitch, se abateria sobre a área e causaria danos muito maiores.
Durante exatamente quatorze dias ‘Mitch’ varreu a América Central, tornando-se tristemente célebre pelos funestos recordes que rompeu: foi o furacão que mais tempo manteve-se em categoria cinco, a máxima na escala de Saffir-Simpson. Foi também o segundo furacão em mortandade em toda a história (¹).

Os danos materiais foram igualmente gigantescos, tanto que o presidente hondurenho da época declarou que havia sido “destruído cinqüenta anos de progresso”.

Em Honduras, 25 cidades e povoados simplesmente desapareceram, sendo completamente destruídas estradas e pontes. Um aproximado de 70 a 80% de todos os cultivos do país.
Na Nicarágua as danificações não foram menores, mais de 350 escolas, 90 centros de saúde, 24 mil casas, 70% das estradas do país, 71 pontes, afetações na agricultura e a morte de pelo menos cinqüenta mil animais, sobretudo bovinos. (²)

Ambos os furacões, como se é de imaginar, também afetaram a Cuba, destruíram mais de duas mil vivendas e danificaram mais de 40 mil; afetaram a agricultura, as safras dos principais produtos cubanos. Atingiu a pecuária, danos nas redes de comunicações e elétricas, prejuízos incalculáveis e outras inúmeras dificuldades e perdas.
Porém o sistema cubano de proteção contra desastre evitou o que foi regra em todos os países centro-americanos e caribenhos: a morte de milhares de seres humanos que deixou na América Central o terrível saldo de dez mil mortos e outros dez mil desaparecidos (¹).

Frente a lutuoso quadro, Cuba, sem perder um minuto, enviou centenas de seus médicos para ajudar na recuperação dos países afetados, o primeiro avião de ajuda médica internacional que desembarcou em Honduras era um avião cubano (³), lá chegaram para atender as vítimas, aos enfermos, apóia-los psicologicamente, compartilhar suas dores, levar a esperança, o braço amigo, tratá-los, curá-los, eliminar focos de doenças como dengue, malária e cólera (²) que estavam surgindo através da passagem de danosos furacões e que, sem a ajuda dos cubanos, teriam elevado o já arrepiante número de vitimas.
O trabalho dos médicos cubanos, amplamente reconhecido e aplaudido pela comunidade internacional, evidenciava-se novamente, e lembre-se que tudo isso foi, como de praxe, ignorado pela grande mídia.
Os cubanos chegaram às regiões mais afetadas, mais distantes, mais pobres, mais carentes, mais danificadas e ali deram, novamente com o exemplo, uma aula de solidariedade.

Porém um fato preocupava os cubanos, e era que em determinadas situações catastróficas se impossibilitam à chegada de qualquer ajuda, destruição de estradas e pontes que inutilizam a via terrestre, fortes ventos e chuvas que não cessam e impossibilitam a via aérea.
Na passagem de Georges e Mitch essas situações ocorreram e milhares de pessoas na América Central não contavam com nenhum médico.

Buscando soluções para melhorar e efetivar cada vez mais o atendimento médico frente a esses episódios, Fidel Castro alvitra primorosamente a idéia de formar em Cuba os jovens dessas comunidades que careciam de médicos para que, voltassem e trabalhassem com seu povo. Dessa forma, com esses antecedentes de mortíferos furacões, da ajuda das brigadas médicas cubanas, do internacionalismo cubano é que em menos de um ano após o sucedido, no dia 1º de março de 1999 nascia a Escola Latino Americana de Medicina - ELAM.

Uma vez graduados em Cuba e voltando às suas comunidades, onde sempre residiram, eles garantiriam atendimento, prevenção e terapêutica de enfermidades e com a vantagem de já estarem lá em caso de isolamento por algum fenômeno natural, já conheceriam os problemas e dificuldades, os moradores e o terreno e assim poderiam atuar de forma muito mais efetiva frente a alguma catástrofe, alem de que a ELAM também estaria dando a oportunidade a jovens que sequer suspeitavam que um dia tivessem a oportunidade de ingressar em uma universidade, muito menos que seriam médicos, esses jovens se convertem em recursos permanentes de saúde.

Inicialmente a idéia era graduar quinhentos jovens do Caribe e da América Central, por ano, durante dez anos, brindando no total, cinco mil bolsas de estudo para a carreira de medicina.
Afortunadamente o projeto cresceu e se ampliou. Multiplicaram-se as bolsas e os países favorecidos, os que seriam cinco mil bolsistas em dez anos agora serão vinte vezes mais, cem mil no mesmo tempo, o número vai aumentando até alcançar as dez mil vagas anuais (4).

Os países beneficiados também se multiplicaram e atualmente recebem as insignes bolsas jovens de toda a América Latina, África, Ásia e inclusive dos Estados Unidos.
As bolsas são enviadas as embaixadas cubanas nos respectivos países, elas se encarregam de distribuí-las, portanto cada país tem um processo de seleção com características próprias ainda que mais ou menos similares.

No Brasil, a embaixada divide as bolsas entre partidos políticos de esquerda, de centro e de direita, aos movimentos sociais, a orfanatos, aos moradores de favelas e bairros pobres, aos indígenas, aos jovens trabalhadores, camponeses, operários, intelectuais entre outros.
Um dos requisitos para ser contemplados pela bolsa é ter origem humilde, de baixa renda e não possuir condições de estudar medicina no Brasil.

Essas bolsas garantem ao estudante que as recebe: moradia, alimentação, materiais de higiene, livros de estudo, uniformes, uma ajuda de custo mensal, etc. São bolsas de estudo integrais inteiramente financiadas por Cuba como expressão do seu internacionalismo e de sua alma popular.

O projeto já cumpriu mais de uma década de existência, as histórias dos formados são inúmeras e emocionantes, por exemplo, os Garífunas, grupo de descendência africana que assimilou grande parte dos costumes dos ameríndios e vivem hoje em sua maioria nas costas de Honduras, que em suas parcas vidas não tinham visto médico algum, agora vêem seus próprios filhos graduando-se em Cuba e voltando para atendê-los, transbordados de alegria e emoção pela novidade, não vacilam em afirmar que a ELAM é o “projeto mais bonito do século” e retribuindo o carinho, assim a batizaram.

 Marcus Dutra Zuanazzi, brasileiro, médico formado na Escola Latino Americana de Medicina.


(¹) http://es.wikipedia.org/wiki/Temporada_de_huracanes_en_el_Atl%C3%A1ntico_de_1998#Hurac.C3.A1n_Georges
(²) National Climatic Data Center (2004). Mitch: The Deadliest Atlantic Hurricane Since. Consultado em 2006-04-25. (http://lwf.ncdc.noaa.gov/oa/reports/mitch/mitch.html)
(³) http://www.granma.cubaweb.cu/secciones/alba/int/2integ04.htm
(4) http://www.cuba.cu/gobierno/discursos/2005/por/f190905p.html

Pródromos


Os meios de comunicação ocidentais, em mãos privadas, costumam silenciar sobre muitos temas e muitas notícias quando estas não os convêm. O Brasil não é a exceção, inclusive aqui, essa classe de meios - que falam em português, mas pensam em inglês - receberam o ilustrativo nome de Partido da Imprensa Golpista, e como pensam em inglês, mais calhado que o próprio nome é sua sigla: PIG.

Quando o tema é Cuba o silencio obrigatório é intercalado com ataques e notícias tendenciosas, distorcidas, carregadas de antipatia e rancor, falseando e distorcendo a imagem do país.

Tudo em uma desesperada tentativa de evitar o “perigo” que representa o exemplo cubano e abafar realidades inegáveis. Dentre muitas delas, os avanços da ilha na área da medicina, biotecnologia, em seu sistema de saúde, e no seu modelo econômico e social que permitiram esses avanços e muitos outros mais.

Os indicadores sociais cubanos são plausíveis nos mais diversos campos. Na educação, por exemplo, foi o primeiro país do continente a erradicar o analfabetismo, e isso há mais de 40 anos e, 90% deles têm o ensino médio completo. Qualquer cubano pode cursar desde uma creche até graduar-se em uma universidade sem por isso ter que desembolsar nenhum centavo por inscrição, mensalidade, uniforme, material escolar ou refeitório. Tem, segundo a Organização das Nações Unidas, os melhores estudantes de nível primário e secundário em idiomas e, em matemáticas com notas muito superiores aos países do chamado primeiro mundo.

Todas as pessoas com problemas psíquicos ou físicos também têm asseguradas educação em escolas especializadas.

Outros números, em múltiplas áreas, também impressionam: 88% dos cubanos não pagam aluguel, são donos de suas casa. É o país de terceiro mundo que mais consome calorias diárias por habitantes (¹), a passagem do seu recém reestruturado transporte público é das mais baratas do planeta, centenas de medalhas de ouro, prata e bronze colocam Cuba entre as potências mundiais do esporte, diversos avanços nas áreas da cultura, ciência, arte, economia, literatura e entre tantos outros, os da área da saúde, os que mais nos interessam por agora. Saúde que como a educação e outras garantias na ilha são mundialmente reconhecidas e enaltecidas pela sua qualidade, seu acesso universal e sua gratuidade, desde uma simples placa de raios-X, uma tomografia, uma ressonância magnética, um exame de sangue, consultas com especialistas de qualquer área da medicina, ingresso em qualquer hospital, até mesmo um transplante de coração, rins ou fígado, são garantias irrevocáveis alcançadas pelos cubanos.

A constância da Revolução, suas lutas, suas idéias, suas prioridades, seus sentimentos e comprometimento, sua responsabilidade, sua fidelidade aos despossuídos fizeram de Cuba um país diferente.

Tão diferente que talvez seja o único país do mundo que possa vangloriar-se de que das mais de 200 milhões de crianças que diariamente dormem nas ruas pelo mundo nenhuma delas seja cubana; Impressiona a qualquer um saber, por exemplo, que em 1959 quando advém o triunfo revolucionário uma das primeiras medidas tomadas foi a redução dos preços de todos os medicamentos pela metade do que se cobrava, e hoje mais de meio século depois os valores se mantém inalteráveis.

Porém as façanhas alcançadas por Cuba e invejáveis por qualquer pessoa no mundo, com exceção dos antropófobos de plantão, não foram impetradas em lágrimas, mas sim conquistadas lutando com muito sacrifício. O país não deixou de ser agredido em nenhum momento desde que optou pelo processo de mudança social, e somado ao bloqueio econômico teve que suportar as mais irracionais hostilidades por parte do imperialismo norte americano, desde invasões mercenárias ao seu território, planos de sabotagem, guerra biológica, política e econômica; roubo de cérebros, etc.

Um dos atos mais covardes promovido pelo império do norte ocorreu justamente nos primeiros meses do governo revolucionário. Cuba, que então, contava com apenas seis mil médicos, sofreu um duro golpe: da noite para o dia viu a metade deles partirem em direção aos Estados Unidos, seduzidos por montes de dinheiro, facilidades e de promessas.

Em 1959, com o triunfo revolucionário a Universidade de Havana pôde reabrir suas portas (haviam sido fechadas pelo ditador Batista em 1956), reabriu também a sua faculdade de medicina, que era por aquela época a única do país, e dos 161 professores de medicina somente 23 voltaram a ensinar. (²)

Com isso podemos ter uma idéia das dificuldades que o país enfrentou para reconstituir-se.

Porém, frente a todas as agressões, campanhas de ódio e de mentiras perpetradas contra a ilha uma maneira de viver e de pensar diametralmente oposta foi sendo forjada. Um dos princípios ético-vocacionais que se consolidaram com a revolução cubana foi o internacionalismo, façanha tão grande, a nosso ver, quanto seus próprios índices sociais.

Mais de meio milhão de cubanos já participaram em algum tipo de ajuda internacionalista, como alfabetizadores, treinadores, professores, laboratoristas, trabalhadores sociais, técnicos, dentistas, enfermeiros, médicos e inclusive como combatentes na luta contra a apartheid.

A ajuda internacionalista na área da saúde surge logo nos primeiros momentos da revolução cubana e, em meio às dificuldades e ao abandono generalizado no começo da gesta revolucionaria que havia deixado um impressionante déficit de médicos, ainda assim o país destacou uma brigada de saúde que rumou ao Chile para atender a vítimas de um forte terremoto que sacudiu aquele país e, dois anos mais tarde, sem ainda sequer haver formado a primeira turma de graduados pós-triunfo revolucionário, partia em direção à Argélia no continente africano, outra brigada de médicos cubanos que durante quatorze meses prestaria serviços para aquele sofrido povo que acabava de liberar-se do neo-colonialismo Francês;

Desde então, Cuba, investindo cuidadosamente na saúde recuperou-se do revés e transformou-se no país com maior número de médicos por habitantes do mundo, quase o dobro dos países que o seguem na lista, além disso, o internacionalismo, princípio que se consolidou com a revolução e se fortaleceu com o tempo, impressiona pelo magno numero de cubanos mobilizados, assim como pela enorme quantidade de países que se beneficiaram, e se beneficiam, dessa desinteressada ajuda, são mais de cem nações ao redor do planeta, sobretudo países pobres, e sempre nos mais recônditos lugares, em comunidades apartadas onde muitas vezes foram inclusive os primeiros médicos que ditas comunidades viram.

Hoje em dia é possível encontrar médicos cubanos realizando serviços de saúde em qualquer um dos continentes do planeta terra, e o número de pacientes atendidos ao redor do mundo já ultrapassa os 170 milhões, só nos últimos dez anos mais de dois milhões de vidas foram salvas principalmente, na América Latina, África e Ásia (³). e por mais que os meios de comunicações privados tratem de esconder, os médicos cubanos também estão aqui, no nosso Brasil, trabalhando no interior do Amazonas, arriscando suas vidas, combatendo a malária e outras séries de doenças transmissíveis nas comunidades mais afastadas onde pouquíssimos são os médicos brasileiros que se atrevem a chegar.

Quando ocorrem catástrofes naturais em algum país os médicos cubanos partem em silêncio para ajudar a salvar centenas de milhares de vidas. Quando o Tsunami praticamente destruiu a Indonésia e o Sri Lanka deixando números incalculáveis de vítimas fatais, lá estavam eles há milhares de quilômetros, longe de suas casas e famílias, trabalhando exemplar e incansavelmente.

Frente a terremotos, furacões, chuvas intensas, vulcões, epidemias ou tsunamis em qualquer longínquo rincão do mundo é possível encontrar as brigadas de médicos cubanos.

E também é necessário dizer: com o custo do transporte e da manutenção dos médicos, medicinas e instrumentos que se utilizam todos bancados por Cuba durante sua estadia.

Hoje, quase cinco décadas depois do roubo de cérebros promovido pelos EUA, o número de três mil médicos que havia sobrado passa a ser um gracejo frente a enorme capacidade recuperativa da revolução cubana de formar novos médicos e nesse curto período de tempo graduaram mais de 83 mil novos.

Se Cuba pode brindar auxílio médico como nenhum outro país é por que a revolução abriu as portas para a saúde, porém, mais ainda, por que transformou e desenvolveu uma consciência e uma vocação humana sem precedentes, baseados nos valores mais puros e desinteressados e que são cada vez maiores e mais audaciosos.

E cada vez maiores e mais audaciosos são também os projetos internacionalistas e, paradoxalmente mais ignorados pelos grandes donos dos meios de comunicação, atualmente Cuba e Venezuela desenvolvem conjuntamente um projeto chamado “Missão Milagre” (4) que tem como objetivo atender e operar gratuitamente mais de seis milhões de latino-americanos que haviam perdido ou progressivamente perdiam a visão vítimas de cataratas. Em uma das variantes desse programa, os dois países bancam passagem de ida até Havana, exames médicos necessários, cirurgia, hospedagem, alimentação e gastos durante a estadia, assim como a passagem de volta até o país de origem, tudo junto com um acompanhante escolhido pelo paciente.
Esse comprometimento com a saúde do seu povo se transformou no comprometimento com a saúde de todos os povos do mundo pelo fato de a que a revolução colocou na prática a idéia de Martí que afirma: “pátria é humanidade”, e que é a melhor definição possível para o internacionalismo, o interesse em ajudar sem nada em troca, o comprometimento com os pobres e preteridos do mundo, princípios da revolução cubana que hoje são fatos silenciados pela maioria dos meios de comunicações privados, mas, ao mesmo tempo, uma das provas mais cabais de que um mundo melhor, mais justo e mais humano é possível.

Marcus Dutra Zuanazzi, médico formado na Escola Latino Americana de Medicina.

(¹) http://www.ibge.gov.br/paisesat/

(²) http://monthlyreview.org/090112brouwer.php

(³) http://www.granma.cu/portugues/2008/noviembre/mar4/saude.html

(4) http://www.kaosenlared.net/noticia/operacion-milagro-solidaridad-censurada